Um dia, fomos contactados por um jovem empresário que comprara a casa dos seus avós. Tinha -a adquirido há pouco tempo e era evidente o vínculo emocional que mantinha com o espaço. Agregadas àquelas quatro paredes estavam um conjunto de lembranças e recordações da sua meninice. Mas havia um senão que inquietava o mais recente proprietário da habitação. Ambos os avós haviam falecido com cancro, naquela mesma casa. A avó com cancro nos pulmões e o avô no intestino.
O projeto de arquitetura integrativa inicia -se com uma primeira visita ao local. Ali encontramos, dois espaços amplos onde, das paredes interiores apenas existia a marca residual da sua presença, desenhada no velho chão.
No decorrer do estudo geobiológico, detetamos uma corrente de água subterrânea que atravessava transversalmente todo o edifício. Apercebemo -nos, também, que a referida zona nefasta estaria presente em algumas das antigas divisões com especial incidência num desses espaços.
Na primeira oportunidade, perguntamos ao proprietário:
— ”Afinal, onde dormiam os seus avós!?”.
Ele, surpreendido com o resultado do estudo geobiológico, simplesmente respondeu:
— “Exatamente aí, onde está assinalada a zona de perigo”.
Conclusão, o casal dormiu durante vários anos consecutivos com a cabeceira da cama assente numa zona geopática. Ou seja, o local de maior incidência da radiação era a cabeça, não obstante o facto do cancro se manifestar nos pulmões da avó e nos intestinos do avô.
Numa conversa informal sobre o quotidiano familiar dos seus entes queridos, o empresário relata as horas intermináveis (diariamente, ano após ano) passadas pela sua avó junto a um velho forno a lenha semelhante a uma lareira que, como sabemos produz elevados níveis de monóxido de carbono e muitos outros compostos nefastos para a saúde. Para além disso, vindo do subsolo terrestre, detetamos a presença de elevados níveis de radioatividade ambiental, provenientes do gás radão libertado pelo subsolo “rico” essencialmente em granito.
Logo a avó somou, no seu dia -a -dia, três fontes de contaminação ambiental que debilitaram os seus pulmões: a radiação telúrica vinda da corrente de água subterrânea, o monóxido de carbono produzido pelo forno a lenha e a radioatividade (gás radão) proveniente do solo granítico.
Quanto ao avô, apenas sabemos que falecera com cancro no intestino. Este senhor esteve exposto a uma fonte de radiação telúrica com maior incidência sobre a cabeça e desenvolveu um cancro no intestino. Aliás, situação bastante comum, que se deve ao facto de tal ser o órgão mais frágil, o seu “calcanhar de Aquiles”.
Detetado o problema, torna -se fácil evitá-lo. No desenvolvimento do projeto a referida zona de elevada radiação telúrica foi convertida em espaços de circulação e arrumação de forma a evitar a sua influência sob zonas de longa permanência. O edifício será adequadamente isolado, ventilado e preparado de forma a eliminar ou mitigar a radioatividade ambiental.
Renasce assim, uma casa saudável que mantém nas suas velhas paredes as memórias de uma família.
In UMA CASA MAIS SAUDÁVEL, UMA FAMÍLIA MAIS FELIZ ⠀
Autores: Marcelina Guimarães e Miguel Fernandes⠀
Editor: A esfera dos livros